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segunda-feira, 25 de abril de 2011

O duplipensante estado do meu espírito

Brasília é impressionante. Brasília é moderna. Brasília é organizada. Eu estou odiando Brasília. 

Antes que este sentimento passe e eu, mais uma vez, finja que está tudo bem, que eu vou conseguir e mais blá-blá-blás que são necessários - para que eu não me jogue do alto de algum dos maravilhosos e visionários monumentos niemeyerescos -, escreverei coisas que estão me enchendo a cabeça. Hoje, encontrei no restaurante universitário um colega de outro estado que também passou no mestrado da UnB. Conversa vai, conversa vem, lá estou eu reclamando mais uma vez. Eu estou cansado de reclamar! E (o pior é que) lá vem mais um balde de um punhado de reclamações.

O fato é que não estou bem. O lugar que estou é bem localizado e tudo, mas aquela cozinha e aqueles banheiros me dão asco. Hoje, antes de sair para vir à biblioteca, deparei-me com mais uma cena, para mim, dantesca: uma panela com restos de comida, com um cheiro de animal em decomposição. Ela estava lá, aberta, sintetizando a imundície que é aquele lugar. Dia desses, em homenagem à "pensão", assisti a "O Cortiço". Eu me sinto vivendo na propriedade caótica de João Romão.

Eu não sei se é exagero meu, se estou errado, se esta cidade é maravilhosa: eu sei que estou mal. Não é que queira cortar os pulsos, matar-me ou coisa assim. Observo algumas irregularidades na minha conduta interna. Eu não aguento olhar para os estudantes da universidade, a hora do almoço é como se fosse a "hora do ódio", de Orwell. Tenho raiva de todos eles, de como riem, de como aparentam estar felizes, enquanto que eu me sinto na merda; como eles são tão jovens e já balançam as chaves dos carros, e eu sem nem sequer uma luz sobre quando dirigirei um, e meu. Eu tento ter pensamentos cristãos, agir de forma fria, racional, mas o esforço se mostra inútil, na maioria das vezes. Não é que queira matá-los, jogar coisas neles - tal como faziam os habitantes de Oceânia; é, na verdade, como se eu lançasse setas de raios numa baixela luzidia, refletora: eu acabo sendo o machucado. 

Não me sinto orgulhoso pelos sentimentos que ando tendo. Pra falar a verdade, sempre me vi como alguém imune a atitudes desse feitio. Fico pensando por quês; em certos momentos me sinto um invejoso, um complexado. Gente, eu só tenho 25 anos! Será que já estou com esse tipo de peçonha na alma? Quando vim para cá, tinha o interesse de crescer, mudar, estou vendo e lutando com uma coisa que a cada dia me assombra mais e mais.

Quando estou nas minhas recorrentes lamentações, as pessoas me perguntam se não fiz "amigos". É batata! Sempre me fazem esse tipo de pergunta. Eu me sinto péssimo. Eu já fiz colegas, que, quando dá o final de semana, voltam para as suas casas (para ficar com os seus bebês ou filhos) ou "viajam" para as suas residências nas satélites; isso quando não estamos todos absolutamente ocupados com as leituras e trabalhos. "Ah, por que não fazer amigos fora da universidade?" Como? Geralmente as pessoas fazem amizades, aqui, nos seus círculos de atividade (ou seja, escola, universidade, trabalho), fora disso, talvez, nas redes sociais. Sobre o primeiro espaço já comentei; sobre redes sociais... please!!! Eu sou de uma geração difícil, a "de transição", nela os jovens (de 1980) foram acompanhando o desenvolvimento das tecnologias, sem havermos sido absorvidos por elas, tal qual a geração de 2000 em diante. Quero dizer o seguinte, alguns de nós tornaram-se "amigos-amantes" de algumas tecnologias (como orkut, facebooktwitter etc.), outros apenas tornaram-se "amigos" (ou melhor, acquainted) delas. Eu sou do segundo grupo, tenho, posso dizer, afinidades com parte, mas não gosto de ficar bitolado checando mensagens e "conhecendo" gente pela telinha. Assim, eu realmente não sei como "fazer amizades" por aqui. "E que tal sair à noite, barezinhos, coisas do tipo?" Desconsiderando uma coisa interessante de ter nesses casos (a saber, companhia), os preços desmotivadores de Brasília seguem o comentado PIB do Plano Piloto: faraônicos. Eu não posso gastar isso. Nesse caso, descarto tal possibilidade.

Ouvi em algum lugar aquela famosa frase de Sartre, "o inferno somos nós". Talvez, seja mesmo. Não posso colocar a culpa por fracassos inteiramente numa cidade. Seria bem mais fácil, e estúpido também. O que quero dizer é que contribui muito para o bem estar o lugar em que se está. Eu, neste momento, estou me sentindo um verdadeiro peixe fora d'água. Acho que vim com muitas expectativas, creio que oito meses sejam pouco tempo para se adequar a um lugar. Mas por que será que gostei tanto da Paraíba estando lá apenas uma semana? Vai saber. Um dia lerei isso e verei o que eu pensei sobre um sonho que está se tornando cada vez mais real.

terça-feira, 12 de abril de 2011

A duplipensante mídia

É sempre assim. Durante o tempo que estou na rua, tenho um monte de ideias para escrever; quando chego em "casa", elas desaparecem. Mas agora vou fazer um esforço para colocar para fora os demônios do dia.

Hoje, lá na universidade um dos principais prédios esteve fechado. Ficou parecendo uma cena daqueles filmes de ficção científica, em que as pessoas são dizimadas por forças alienígenas. Foi tão bom. Acho que, na verdade, gostaria que as pessoas fossem excluídas do planeta. Outras horas penso que não, pois como seria a minha vida sem elas? 

É um saco porque penso que não deveria pensar assim, que Deus não gosta, enfim... 

Por falar em Deus, o assunto da vez é de um rapaz que assassinou (acho que) doze crianças no Rio de Janeiro numa escola. Li no Correio a seguinte manchete: "Columbine à brasileira". Péssimo. Tudo é péssimo: a morte de inocentes, a insanidade do pobre moço e a cobertura apelativa da mídia. Tenho tanta pena do rapaz (não é necessário falar das crianças, pois eram inocentes e tal). Meu Deus! O que ele não deve ter passado para acabar do jeito que acabou. Fico fazendo uma ponte comigo. Eu também sofri muito na minha infância. Eu sei o que é o agora popular bullying. Nossa! Ainda me lembro das perseguições que sofria de uns idiotinhas da minha turma. Hoje, tento pensar que eles não tinham culpa, que eram apenas reprodutores. Eu sempre botando panos quentes: na verdade, eles são reprodutores hoje, engravidando alguma mocinha e gerando novos seres que povoarão esse mundo e que, Deus queira, não se comportem como eles. 

Ando sempre chamando o nome d'Ele, pois as coisas as vezes parecem insuportáveis aqui em Brasília. Eu não sei de onde tiro esse sentimento de tristeza. Pensei que estando só fosse ser melhor, mas não: constato que é pior. É um conflito, pois viver aqui me dá a oportunidade de um lugar relativamente organizado, de pessoas reservadas, mas, ao mesmo tempo, sinto essa reserva como um atenuante dos meus problemas de relacionamento. Resultado: eu passo a, de certa forma, odiá-los. Começo a odiar as coisas, os preços altos no supermercado, o lugar onde estou, as pessoas que dividem o prédio comigo. Volto a mim e peço perdão a Deus. Depois de pedir perdão, penso que estou ficando estúpido, que estou indo em direção à loucura, que Deus não deve ser tão supervalorizado por mim.

Por isso que tenho pena do jovem. Ele deve ter passado por situações terríveis e não pôde mais aguentar. Sucumbiu. Agora ele é o novo vilão da "grande" imprensa, a mesma imprensa que promove debates sobre o bullying e aposta em programas de humor infelizes para arrecadar receita; que dá espaço a programas que sustentam imagem de uma beleza padronizada, que é apenas uma das várias belezas, a imprensa que promove o bullying. É o que aconteceu com Michael Jackson, mais uma vítima notória do bullynig dentro da família. A "grande" mídia percebia que ele estava se deteriorando, mas vendia mais mostrar uma aberração do que o grande artista que foi. E ele foi se matando. Morreu. 

Como este é um blogue aberto - apesar de considerar desnecessário -, afirmo que não estou de acordo em sair assassinando criancinhas. O que acredito é que esse caso deveria servir de exemplo do que o ser humano é capaz, mas em duas (ou mais) vias: a do criminoso e a do que o tornou "criminoso". Deveria-se pensar sobre como esse mundo gira com engrenagens viciadas, enferrujadas e como às vezes é triste ver e ficar sob isso.

domingo, 27 de março de 2011

Querer

Primeiro post do blogue. O que falar? Bem, segundo reza a cartilha desse novo espaço, coisas que me incomodam e que não confessaria nos outros dois. 

Não tenho muito o que falar. Ando assim, desanimado para finalizar coisas. Só tenho de relevante a dizer que amanhã será a segunda semana do mestrado. E Eu não queria que o domingo acabasse. Mas isso é tão normal. Prefiro deixar uma música para traduzir o que estou sentindo e não consigo (por desânimo) escrever:


WANT

Rufus Wainwright

I don't want to make it rain
I just want to make it simple
I don't want to see the light
I just want to see the flashlight
I don't want to know the answers
To any of your questions
I don't want, no I really don't want
To be John Lennon or Leonard Cohen
I just want to be my Dad
With a slight sprinkling of my mother
And work at the family store
And take orders from the counter
I don't want to know the answers
To any of your questions
I don't want, no I really don't want
To be John Lithgow or Jane Curtin
But I'll settle for love
Yeah, I'll settle for love

Before I reached the gate
I realized I had packed my passport
Before security I realized
I had one more bag left
I just want to know 
If something's coming for to get me
Tell me, will you make me sad or happy
And will you settle for love
Will you settle for love